Lá estava ele, a ouvir uma melancólica música em seu rádio velho, tentando mandar para longe pensamentos negativos,tristes. É, lá estava ele tentando desfarçar a dor, tentando não alimentar seus pensamentos com dores e lágrimas. Lá ia ele para o mar, observar o céu, as gaivotas. Lá deixava ele seus medos, suas lágrimas pela areia, onde caminhava. Lá voltava ele, para sua vida solitária, sua vida de ilusões, de planos falidos e sonhos despedaçados. Já bastava sentir medo, agora ele sentia frio, que lhe causava dor nos ossos. Sentia frio não por estarmos no inverno, não, não era verão pensava ele. Sentia um frio diferente, que só arrepiava por dentro, em uma parte que ele mal sabia que tinha, pois nunca vira funcionando. Mas estava sim funcionando e muito bem, com repetidas batidas , que variavam de 20 a 30 por minuto, a qual não saia de 10. É ele havia avistado de longe, uma linda mulher, com seus 25 anos, pele morena e cabelos negros como a solidão que o assombrava. Descobrira de onde vinha essas batidas, é senhores, ele tinha e pulsava forte, seu coração. Logo, de frio sentia calor, súbito como as chuvas que acontecem nessa época do ano, aquele calor que nunca sentira, nem mesmo nos dias que ficara na praia. É senhores, agora ele sabia, sentia e vivia. Repetidas vezes ao lembrar da bela moça, sentia seu estômago embrulhar, sem nem mesmo ter comido , pois este já não se alimentara a menos de três dias. Palpitação, frio, calor, náuseas, sonhos, arrepios, suor, cigarros, vento, cinzas, frio,calor. É senhores, ele acabara de descobrir algo para continuar vivendo, ele acabara de descobrir, que estara apaixonado. Uma sensação nova que jamais havia explorado. Uma sensação boa, estranha. Para ele nada mais importava, pois estava fascinado com aquilo que descobrira. Para ele somente aquele sentimento já estava de bom tamanho, pois o mesmo sempre se contentou com pouco. Não queria encontrar ou falar com a moça, pois somente o que sentira já lhe prendia a atenção. Curtiu aquele momento, sozinho. Só ele e o sentimento que o rodeava. Acendeu um cigarro e dormiu. Sua vida já tinha acabado, nada mais lhe importava, descobrira o que era amar.Eduh.

Um dia me contaram um grande conto de fadas, onde uma simples mulher vira uma grande princesa, com vestidos longos e brilhantes, uma coroa com diamantes e um grande amante, seu príncipe. Hoje me contam histórias, não como a do conto de fadas, mas contos onde mulheres , que deveriam ser as rainhas, saem as 6 da manhã para alimentar aqueles que elas nomeiam como príncipes e princesas, seus filhos. Uma história sem dragões, mas com muitas barreiras, que não soltam fogo, assim como os dragões, mas sim impedem essas grandes mulheres realizarem seus sonhos, seus ideais. Nessa nova versão de história, os príncipes, seus amantes, não existem, simplesmente se mostram como aliados, pessoas, nem todas, mas grande parte de bom coração, que sustentam essas senhoras a pularem esses muros, as vezes grandes muralhas, para assim terem um motivo a mais pra continuar. Nessa nova versão de história não existem madrastas malvadas, mas sim o senhor cotidiano e o senhor tempo, que com muita diversão atrapalham e quando estão de boa vontade, ajudam na trajetória. O senhor tempo a mostra através do espelho, este sem um conselheiro, o quanto já caminharam e o quanto já conseguiram. O senhor cotidiano, as mostra não com uma varinha mágica, mas sim através de longas horas no chuveiro, o que devem fazer, para que o próximo passo seja mais astuto , ou mesmo mais certeiro, para que assim, nossas senhoras, consigam , insistam e continuem a caminhar. Caminham sim, pois nesse novo conto não existem cavalos robustos e fortes, mas sim existem dentro delas, força, determinação e esperança. Não, elas não tem tempo para sonos de beleza ou passeios no bosque, teêm apenas um tempo para descanço, para recompor o suor e acreditar que o dia seguinte será melhor, mais admissível, antes que sejam tomadas pelo cansaço e durmam. Por elas viveriam dormindo, sem precisar acreditar que , ou melhor, sem ter que acreditar que estão acordadas, que suas vidas estão tomadas pela rotina, pela maratona. Uma maratona sem anões ou maças envenenadas, uma maratona da qual já são vencedoras, por não quererem nada além de um conforto com seus príncipes, não em um reino encantado com fadas e duendes, mas em um cômodo onde quer que seja, desde que seja repleto de amor. Este conto não se trata de anos atrás apenas, mas do hoje, do dia-a-dia. Este conto, trata-se da vida, da vida de algumas paulistanas, pernambucanas, gaúchas ou seja lá o que for, trata-se de um exemplo, trata-se de rainhas sem coroas, mas com muito amor e coragem.Este conto nada mais é, do que você vê lá fora, ou vê em seu castelo, e muitas vezes ignora simplesmente por não acreditar em histórias, por não enchergar o mundo que vive ou por estar preso ao seu próprio mundo, um mundo de conto de fadas, quando na verdade o verdadeiro mundo que deve se focar é o que está além do seu mundinho, o mundo real, a vida.
Eduh.

É difícil escrever, quando o que procuramos é viver. O mais estranho de tudo, é que sei quando e onde devo parar, mas não sei ao certo, onde devo começar. O começo sempre me causou muita confusão, principalmente o fato de pensar em um recomeço, talvez de algo que jamais terminou ou que nunca irá começar. É difícil perceber o quão errado estamos, o quão certo estão. É fácil perceber a velocidade que a vida passa, mas é difícil aproveitar melhor cada segundo. É estranho perceber que tudo está desmoronando, principalmente quando você apenas acha que não passou de um sonho, que está prestes a acordar. É confuso saber vivenciar o bem, quando o que na verdade sua mente pede é para mostrar seu lado mal. É principalmente raro não andar por ai descalço, quando seus pés de tanto caminhar ja estão calejados. Dificuldades causam dor, as dores nos levam ao imediato, o imediato nos levam a descrição, e por fim nos encontramos em um montoado de pensamentos, de esquisitices. Saber onde começar é de fato, o começo. Porém saber onde deve recomeçar é de fato o problema.Eduh.